• Boa Noite Cavaleiros e Cavaleiras da Ordem. Nesta data tão Especial do Dia dos Namorados, a convidada desta noite foi nossa querida Cavaleira e General da BlackØrder. Além de ser Tutora Fanart do Fórum GCPlayers. Trazendo para nossa Família um lindo e belo conto que vocês confere logo a seguir. Parabéns Gisele pela Mensagem Noturna, toda nossa Família agradece com Honra o Carinho enorme que tens por todos nós.

  1. A prova de um amor em meio aos espinhos...

A lua banhava as ruas daquela cidade deserta com seus raios prateados fazendo com que qualquer um que a visse de longe imaginasse que todos estivessem presos em seus sonhos noturnos, mas quem pensasse dessa maneira estaria completamente enganado. Guerreiros e mulheres daquele local espremiam-se em uma de suas tavernas para comemorar a vitória recém obtida: eles haviam conseguido seqüestrar o líder de um grande Clã que ameaçava destruir o reinado de terror dos guerreiros daquele local.

Todos estavam tão confiantes de que o Clã abalado com a perda não ousasse fazer nada tão cedo, tanto que apenas uma pessoa havia ficado na prisão de pedra para vigiar aquele homem, no entanto o carcereiro agora dormia num sono profundo enquanto uma figura caminhava pelos corredores da prisão nas pontas dos pés imaginando o quanto havia sido fácil colocar aquela criatura para dormir.

“Ervas certas na água, bem que minha vó dizia que ninguém seria capaz de imaginar.”

 As celas e os corredores ganhavam um tom amarelo sombrio das velas usadas para a iluminação daquele local, isso fazia com que um arrepio tomasse conta de sua espinha, mas já havia ido longe demais para desistir, aliás, havia prometido para si que não deixaria seu líder sozinho desde o dia em que o havia encontrado, embora não fosse capaz de fazer muita coisa como a simples curandeira que era. Não demorava muito para avistar o jovem que comandava o Clã em uma das celas com os pulsos presos por correntes penduradas a parede, seja lá quem o havia capturado certamente ouvira as histórias sobre aquele rapaz e queria garantir que não se soltaria tão fácil. Um clique ecoou por todo o local quando o cadeado da cela foi aberto, em passos lentos ela se aproximou o suficiente para ver o sangue seco e os ferimentos que cobriam o corpo do rapaz.

– Você veio – sua voz era tão fraca que mal podia ser ouvida. – Deveria ter ficado com os outros.

Ela não se deu ao trabalho de responder, outro clique foi ouvido e as mãos do rapaz foram de encontro ao chão ao serem soltas, em seus pulsos era possível ver a marca de quem havia se debatido por horas na esperança de se libertar de seu cativeiro.

– São muitos ferimentos, - ela passava os dedos levemente pelas feridas de seu pulso enquanto observava os demais ferimentos espalhados por seu corpo. – Não tenho tempo para cuidar disso, por favor, agüente até estarmos em um local seguro.

O rapaz tentava dizer algo, mas mais uma vez sua voz havia falhado. Um tanto quanto sem jeito a garota dava apoio para o seu líder e o arrastava pelos corredores daquela prisão de pedra até a saída. Tudo havia sido tão fácil, fácil demais, diga-se de passagem, e aquilo começava a atormentá-la de uma maneira estranha, como se estivesse prevendo o que viria a seguir.

Em meio a uma caminhada lenta ela podia ouvir o bater suave de asas e olhando para o céu pode ver a silhueta de uma coruja iluminada pelo luar, seus olhos se estreitaram ao perceber que a ave voava em sua direção fazendo como se estivesse para pousar, mas a poucos metros do chão ela havia se transformado dando lugar a uma garota trajando um vestido azulado e a pele tão pálida quanto os raios do luar.

– Você deveria aprender a não roubar o que pertence aos outros mocinha – mal terminava de dizer tais palavras num tom áspero e um som agudo saia através de seus lábios, o barulho era tanto que não demorava para que todos os homens que comemoravam na taverna viessem ao seu encalço e ficassem parados atrás da mulher. – Bem, se me devolver ele agora prometo que nada demais vai acontecer com você.

O corpo da curandeira agora ficara completamente tenso, quando traçou seu plano não imaginava que havia alguém com aquele tipo de poder para atrapalhá-la e agora não sabia o que fazer. O jovem em seus braços se esforçava para dizer algo com a pouca força que lhe restava, no entanto tudo o que a jovem conseguia ouvir era seu respirar fraco.

– Quando eu te encontrei ferido da primeira vez prometi a mim mesma que não permitiria que voltasse a ficar assim novamente e olhe como você está agora – era impossível conter as lágrimas, elas escorriam por sua face e pingavam através de seu queixo fazendo com que a visão da grande parede de inimigos ficasse embaçada. – Os outros queriam esperar mais, mas eu sabia que estava ferido e vim até aqui sem consultar ninguém, me desculpe por ser tão fraca.

Mesmo em meio as lágrimas ela não abaixava a cabeça perante os inimigos, com espadas, machados e lanças em mãos eles pareciam impacientes, assim com a dama que soava o alarme para avisá-los da fuga. Um silvo foi ouvido, seguido de um gemido de dor vindo do jovem apoiado em seu ombro, entre lágrimas a curandeira pode ver que uma flecha havia sido cravada em seu ombro e enquanto ela examinava o ferimento e o sangue que dele escorria ouviu a voz impiedosa da dama que a condenara.

– Então é isso o melhor que esse rapaz pode ter? Uma curandeira que nem sabe como se defender, isso é decepcionante – o desdém em sua voz podia ser notado de longe. Um barulho de passo pode ser ouvido antes que ela continuasse a falar. – Vou matá-lo diante de seus olhos e você nada vai poder fazer sua tola.

Aquela devia ser a soberana dentre aqueles guerreiros que recuaram ao final de suas palavras. A indefesa curandeira voltou a observá-la entre suas lágrimas e pode ver que havia um arco em sua mão com uma flecha apontada na direção do jovem líder e pronta para atirar. Em meio ao respirar pesado do rapaz ela pode ouvir palavras que saíram de seus lábios com muito esforço.

– Eu confio em você – uma pausa acompanhada de um respirar profundo, os segundos pareciam passar como horas para a jovem que o amparava enquanto ele tentava dizer mais alguma coisa. – Você já fez muito por mim antes, acho que devia fazer algo por si mesma e me deixar aqui.

Mais uma flecha foi atirada antes que a curandeira pudesse dizer algo acertando o abdômen do rapaz que soltava mais um grito. A risada da dama pálida ecoava pela cidade onde o silêncio ainda continuava absoluto fazendo com que os pelos do corpo da outra jovem se eriçassem. Um misto raiva e medo tomavam conta dela, que no final das contas sentia mais raiva da sua ingenuidade do que qualquer outra coisa. Mais um silvo, mas antes que a flecha pudesse se cravar no corpo de seu líder a jovem se enfiava diante dela, pouco se preocupando consigo mesma e com a dor que viria a seguir.

“Eu confio em você”

Aquelas palavras ecoavam em sua mente fazendo com que sua cabeça doesse mais do que a perna atingida pela flecha. As lágrimas escorriam com mais intensidade por sua face pingando no chão. Ela sentia uma das mãos do líder tocando seu queixo antes de seu corpo ir de encontro ao chão. Uma de suas lágrimas escorria deixando um traço prateado em seu rosto, parecia ter absorvido a cor da lua e quando aquela pequena gota de sofrimento tocou o chão abriu um buraco como se estivesse carregando consigo o peso do mundo.

– Eu não vou desistir – ela falava entre os dentes enquanto via uma nova flecha ser apontada em sua direção. – Eu serei mais do que uma simples curandeira nem que pra isso eu tenha que perder minha vida.

Um grito escapou de seus lábios e do buraco formado por sua lágrima algo semelhante ao tronco grosso de uma árvore se ergueu a tempo de receber a flechada destinada a jovem. Assim que seus se fecharam galhos semelhantes ao de roseiras se ergueram abaixo dos pés de cada um dos guerreiros parados a sua frente e também da dama que a desafiara, se enrolando no corpo de cada um e fazendo com que gritos de dor e agonia ecoassem pela cidade. Quanto mais ódio ela sentia, quanto mais apertava suas mãos, mais os galhos se enrolavam ao redor de cada uma daquelas pessoas, até que finalmente a única coisas que poderiam ser vistas ali eram poças de sangue e caixões feitos de espinhos espalhados pelas ruas.

– Perdoe-me, eu não pude cumprir minha promessa – ela caia de joelhos no chão e pouco depois seu corpo caia por cima de seu líder.

Em uma tentativa desesperada de salvar aquele que amava a Rainha dos Espinhos acabava por despertar consumindo toda a energia no corpo daquela jovem, antes de fechar os olhos em meio a tanto cansaço ela pode perceber rostos familiares, mas talvez ela não sabia se despertaria outra vez para descobrir se aquilo era um sonho ou se estava mesmo vendo o rosto de seus companheiros de Clã oculto em meio as sombras enquanto aguardavam confiando em seu despertar.